21 dezembro 2010

Amizade/Franquia

Á Caixa GB


Ele era um menino
Com sonhos pares e
Desejos ímpares.
Diferente dos outros
Caixa de surpresas
Praticava a excentricidade
Se banhava com soro fisiológico
Só pra hidratar
Fazia tudo belo
Cantar, contar, somar.
Riso frouxo, alvoroçado
Mesmo que fosse só pra disfarçar
Menino com sonhos, menino corajoso
Finge que não, age que sim
Menino homem virou
Virou-se e disse: Quero virar gente
Delegado, fazendeiro, doutor...
Nada.
O menino-homem só queria ser...
Ele.
Fácil é falar do menino-homem
Difícil é saber o que ele pensa.
Pratica o mistério.
Pensa com saudade
Age com amizade.
Um belo dia,
O menino conheceu uma menina
Estranha, parecia
Mas foi amizade logo de cara.
Coisa fraterna mesmo.
Foi aí que num outro belo dia
O menino e a menina
Descobriram que podiam ser franquias.
Francamente...
Engataram uma amizade franca.
Fraca não parecia
É tanto que mesmo distantes
O menino e a menina
Sabiam quem um com o outro
Sempre contaria.


Lynn Glommy
21/12/2010

Clara e Gema

Clara e gema são irmãs.
Claro!
Uma afirma, outra exprime.
Quando acende o desejo
Ambos os corpos dizem claro
E gemem.
Gemem como quem afirma
Claro que eu gemo.
Depois que geme, gama
No gosto azede do sim.
Claro é sim.
Claro!
Ambos os corpos dizem sim
E gemem.
Vira Clara e vira Gema.
Ficou pronta a omelete.


Lynn Glommy
21/12/2010

Amor

Amar seja talvez
Beijos, abraços, coitos.
Claro que é algo mais
Depende do objeto.
Etéreo também pode ser,
Formas diversas há.
Goste ou não,
Haverá sempre um amar
Inimaginável à mente.
Junta dois corpos,
Leva vinho, cigarros,
Mostra o que existe de melhor.
Nada pode separar,
Ora, um amar.
Paixão também pode ser amor
Queira ou não.
Rindo de um sorriso
Satírico amor é paixão,
Toda vez que toca o corpo
Uma faísca acende
Vermelho na escuridão,
Xícara de café após
Zás! Foi um novo amor que brotou.


Lynn Glommy
17/12/2010

16 dezembro 2010

Novela

Ela era aquela
Ela era bela
Bela era aquela
Aquela magrela
Manuela, Rafaela, Gabriela
É tudo ela
Magrela, amarela
Ela na capela
Magricela
Dava pra ver a costela
Ela era donzela
Bela donzela ela
Fica na janela
Janela da capela
Cheiro de canela
Beija o beijo dela
Gosto de canela
Acende vela pra ela
Fica de sentinela
Espera ela bela
Saltitando feito gazela
Espera ela
E faz um elo com ela.


Lynn Glommy
16/12/2010


Etéreo

À JoaquimZ


Etéreo são teus olhos que quando me olham
Parece lança com ponta afiada
Saí rasgando tudo e deixa, como sempre
Um doido arrepio na nuca.
Nunca!
Fica por lá
Como quem espreita de mansinho,
Esperando caladinho
Por um doido olhar teu.
Etérea é tua boca que quando me beija
Parece ferro quente em brasa
Saí queimando tudo e deixa, como sempre
Uma doida língua no canto da boca.
Oca!
Fica por lá.
Como quem senta do teu lado
Esperando um descuido
Por um doido beijo teu.
Etéreas são tuas mãos que quando me tocam
Parece choque elétrico
Saí estremecendo tudo e deixa, como sempre
Um doido frio na espinha.
Minha!
Fica por lá.
Como quem boceja no cinema
Esperando ansioso
Por um doido toque teu.
Etéreo é tu todo que quando vem-me
Parece alma penada
Saí e chega sem se anunciar e deixa, como sempre
Uma doida vontade de te ter.
Ser!
Fica por mim.
Etéreo é ter o teu ser.
Z!



Lynn Glommy
07/12/2010

02 dezembro 2010

Sem palavras




As vezes sinto que não preciso de palavras para escrever poesia.
Ser poesia.
Ver poesia.
Tudo é poesia.




Lynn Glommy
02/12/2010

24 novembro 2010

Natureza


O ar assopra: Vento
O vento mija: Chuva
A chuva foge: Rio
O rio corre: Mar
O mar vomita: Onda
A onda cambota: Surfista
O surfista sua: Libido
A libido acende: Coito
O coito goza: Criação.

Lynn Glommy
24/11/2010

O "R"


O “R”, o Rato, o RetRato, o Rito, o Rótulo, o imaginável
O “R”, a Rua, a Rã, Rato/RatoeiRa,
“R” de Ramon, “R” de RamoneiRa,
“R” de sabeR, “R” de te veR chegaR.
Com “R” faço muitas coisas, inclusive amaR.
“R” de coR: Rosa, Rubi, caRmim, azul-petRóleo.
O “R” faz meu pôR-de-sol alaRanjado.
Me faz sentiR a bRisa do maR.
Ah! O “R” me tRaz aR.
“R” de saboR, veRdade/mentiRa
É o “R” que faz o veRbo da vida: viveR.
“R” de... “R” de... “R” de RiR
Afinal, é de “R” que o Riso é feito.
Um “R”, dois “R”, tRês “R”
Aí é só a acRescentaR um “A”.
“R” de RiR, “R” de RáRáRá.

Lynn Glommy
24/11/2010

Habitual


Estou dentro de uma habitual quarta-feira
Faltou luz na rua
Vou à varanda, deito na rede
Observo coisas habituais
Um telhado, no qual penduro coisas
Entre filtro dos sonhos e mensageiro dos ventos
Coisas e mais coisas
Desvio o olhar para o céu, no qual penduro coisas
Entre luas, estrelas, sol e nuvens
Coisas e mais coisas
Desvio o olhar para a roupa pendurada no varal
Como diria o Neruda, “chorando lágrimas sórdidas”.
Desvio o olhar para essa Eu.
Aqui, observando o habitual
Observando que o habitual deixou, a muito, de ser habitual
E quando volta a luz
TV a cabo, computador, ar-condicionado...
Observo que o habitual deixou, a muito, de ser habitual.

Lynn Glommy
24/11/2010

18 novembro 2010

Clarice



Clarice ri de manhã,
Clarice ri de tarde e
Clarice ri de noite.
Clarice chora de manhã,
Clarice chora de tarde e
Clarice chora de noite...
Ela não escolhe a hora
pra me encher de encanto.
Ela grita,
se agita,
se meche,
se brinca,
pula sem saber,
diz que ama sem dizer...
Ela não tem limites
pra me encher de encanto.
Clarice é menina-mulher
Mulher de pulso forte,
destinada a fama.
Ah, Clarice, diz que ama, diz...
Que eu me derreto toda, vê?!
Deve ter umas mil Clarices,
mais Clarice assim amada,
acho que só tem você. 

Lynn Glommy
17/11/2010

Essa aí...

Á Tuany

Sabe essa aí?!
Nem queira saber, 
menina esquisita essa. 
Ela anda, corre, rir e chora. 
Come, dorme, fala, cospe. 
Respira, pisca, remexe e sacode. 
Brilha, grita, vira e explode. 
Se irrita, não rita, me deixa, morde. 
Caga, mija, vomita, fode... 
Quem é essa menina esquisita?
Ela faz tudo que tudo faz. 
Ela tem cabelo, osso, carne, 
gordura, pele, sangue, unha e queixo.
Ela tem tudo que tudo tem. 
Mas ainda assim é única. 
Tento descobrir porque que 
Tuca, Tutu, Tutut's Tutubarão, Tuzinha, Tuzão Tutifrutti Falcão. 
Parece bicho solto,
mas quando resolve pousar, 
faço um poleiro no meu coração.


Lynn Glommy
06/11/2010

03 novembro 2010

Existo logo

Digo que existo, logo existo.
Sou Pernambucana, logo existo.
Danço, logo existo.
Irrito-me, logo existo.
“Twito”, logo existo.
Vou à shows , logo existo.
Beijo na boca, logo existo.
Cozinho, logo existo.
Ouço música, logo existo.
Sou mãe, logo existo.
Amo, logo existo.
Vivo, logo existo.

Lynn Glommy
30/10/2010

Eu não poderia deixar de postar isso.

Pois é, a primeira pessoa que me deu a felicidade de escrever uma poesia linda dessas pra mim não poderia ficar sem um espacinho no meu blog, afinal, ele é um amigãozão (Gugaaaaa) o qual aprecio tanto. La vaaaai:




Ela...

Quem é essa moça?
vestida de preto,
de olhos marcantes,
de sapatos vermelhos.
Quem é essa moça?
de laço vinho no cabelo,
com cara de vergonha mas um tanto sem pudor.
Quem é essa moça?
que brinca de mulher num corpo de menina,
que domina na hora que quer e que se faz de frágil 
só para tirar uma onda.
Quem é essa moça? definida como faceira
onde todos a chamam de Lynn,
que de tão bondosa se torna perversa.

By: Camarada Rock em 27/10/2009

30 outubro 2010

O falo e a fala

O falo não pensa, por isso não fala.
A fala pensa, por isso fala.
O falo age sem pensar.
A fala pensa sem agir.
O falo é incompleto sem a fala.
A fala precisa sempre de um falo.
Tu fala. Eu falo.
E quando tá aquele blá-blá-blá...
O falo emudece a fala.
A fala até tenta escapar,
Mas quando abre a boca pra falar...
Já era!
O falo vem lhe completar.

Lynn Glommy
30/10/2010

À Álvares de Azevedo

Os teus olhos escondem
Uma chama de mil encantos
Nos meus olhos encontro
Um choro de mil prantos.

Onde estarás, anjo meu?
Além de dentro de mim...
Como irei encontrar-te meu anjo?
Por que te escondes assim?

Ah!  Meu doce, como eu queria...
Ofegante de vida, te encontrar
Em qual taverna dos sonhos
Estais a te deleitar?

Diga para o meu eu incrédulo
Oh! Diga-o sobre sua partida
No cemitério dos homens esquecidos:
Foi poeta, sonhou e amou na vida!


Lynn Glommy
25/09/07

Desordem

Grito:
Ordem!
Ordem!
Ordem!
Ordem!
Ordem!
Ordem!
Ordem!
Ordem!
Ordem!
Ordem!
E tudo que eu tenho é dezordem.

Lynn Glommy
01/10/2010

Ela

Ela me encantou desde a primeira vez
Encontramo-nos e enamoramo-nos
Ela me acorda no meio da noite
Pedindo meu fogo, meus dedos, meus lábios
E em troca devolve-me com paixão
Êxtase, loucura e alucinação.
Ela me esgota as forças e os sentidos
Me endoidece me faz perder o ciso
Me perco em orgamos intelectuais
E depois de tudo...
Ela aumenta meu apetite.

Lynn Glommy
22/11/2009


01 julho 2010

Sem janelas

Como é o outro lado?
Há liberdade do outro lado?
Eu fico aqui a sós
Entre a porta de saída
E o retrato de mamãe
Chego junto à parede
Ouço passos, risos, sei lá...
Não tenho como explicar
É esse desconhecido que me apavora
O que posso fazer?
Mal sei engatinhar
Aprendi a não falar com estranhos
Mas então, porque falo comigo?
Não me conheço
Nem tenho curiosidade
Por aqui não tem espelho
E só enxergo com os olhos
As vezes tudo escurece
Não tenho noção do tempo
Eu continuo a sós,
A sós com esse estranho eu.
O barulho lá fora aumentou, mas...
Tudo bem... Não sei o que é curiosidade
Tento descobrir. É vão.
Aqui estou novamente.
Junto à parede,
Ouvindo passos,
Risos,
Sei lá,
Não sei explicar...
Talvez tenha sido culpa do pedreiro...
Não conheço o outro lado
Nunca o vi,
E tudo isso porque estou preso num quarto sem janelas.




Lynn Glommy
14/06/08