22 março 2012

Haikai adulto

Quando escrevo
É como se masturbasse a caneta
Que goza a poesia.


Lynn Glommy
22/03/2012

19 março 2012

O Nascimento (cômico) de um Poeta

Sexo?
Esperma?
Útero?
Que nada... Poeta que é poeta não nasce de maneira convencional.
Ele é gerado de ideias... É um coito assim, "ideal"...
Geralmente sua mãe é uma mesa de bar.
E o embrião é a cachaça mesmo...
No momento exato da concepção, quando o álcool adentra,
Nada de esperar nove meses para ver o nascimento!
Ali mesmo, entra as pernas tortas de madeira aglomerada,
Instantes após o acto, vê- se nascer um ser já ereto e pensante.
Olha  para todos em volta e não diz: Nhen Nhen, como nos nascimentos comuns,
Mas ergue-se em toda sua magnitude, deixando os demais em estado de excitação,
E grita: Salve à Poesia!!!


Lynn Glommy
19/03/2012

13 março 2012

16

Ela entra na taverna,
Lentamente olha de um lado pra outro.
Saia curta, pernas grossas à mostra.
Umbigo enfeitado, lábios vermelhos...
Cabelos de anjo, olhar de demônio.
Não havia velhote que não a olhasse com desejo...
Tal era a volúpia do seu andar que,
Muitos até arriscavam punhetas por baixo da mesa.
...
A menina-mulher decide sentar-se no bar
Toma uma água...
A essa altura, todos já comentavam...
Mas o burburinho concordava:
Essa não tinha mais que 16.


Lynn Glommy
13/03/2012

Fumante

Lembro daquela quarta-feira.
Seu jeito de apertar o cigarro entre os dedos
e a forma como dobra a sobrancelha ao tragar...
Eu odeio cigarros... Sempre odiei.
Mas é sublime ver-te fumar,
Sabe... é engraçado quando você sopra a fumaça...
Lenta, furtiva... Ela sai de tua boca e logo jaz no ar.
E quando você apoia um braço na saboneteira,
e flutua o outro que segura o cigarro,
deixando o vento furtar de ti uma ou duas tragadas.
Sabe, eu odeio cigarros... Sempre odiei.
Mas é encantador o cheiro da nicotina
impregnado na sua camiseta... Você até tenta disfarçar.
E quando o cigarro está quase acabando,
vem a melhor parte...
Você habilmente mira a lixeira
E não raro a prisca acerto o alvo...
É quando você, meio desajeitadamente, vem ao meu encontro
E mata meu desvario com um beijo dissaboroso.

Lynn Glommy
13/03/2012

06 março 2012

Coma

Quando acordei era tudo diferente...
As árvores já não estavam lá,
A película fotográfica da minha retina já não era vintage,
O prédio antigo de Seu Agenor já não existia,
O cheiro de pão fresquinho deu lugar à fumaça...
Quando acordei foi assim...
Não gostei.
Turn off me.


Lynn Glommy
06/03/2012

31 janeiro 2012

Meu amor

Ele é improvável, incomum.
Ele não se encontra, mas se encontra perdido por aí.
Ele é como uma folha em branco esperando o seu colorido.
Ele é a sua procura por uma pérola dentro de uma concha vazia.
Meu amor é a chuva que estraga o seu feriado, mas te faz ficar em casa sentindo a delícia de um novo livro.
Ele é (ao mesmo tempo) ódio.
Meu amor não se explica, nem se necessita de objectos.
Ele sorri quando você esquece de colocar açúcar no café e faz careta com o sabor amargo.
Ele não te diz o que fazer, nem ao menos diz que ama...
Ele é o teu âmago, o meu amor.

Lynn Glommy
31/01/2012

13 dezembro 2011

À poesia:

Sentar, sentir...
Observar o mundo e ser observado por ele,
Tragar o vento, vapor d'água...
Sonhar (em/com) você!
Beber teus olhos,
Comer teus rascunhos,
Ler os teus cabelos assanhados,
Cheirar o resto de tinta nas tuas mãos...
Decifrar cada curva do teu corpo.
Riscá-lo (Brincar com ele)...
Viver (em/com) você!
Acariciar o som da sua voz
Ouvir seu riso alvoroçado,
Contar suas (im)perfeições como quem conta estrelas...
E perceber que
Palavras não há.
Letras não há.
Verbos não há... Nem substantivos, pronomes, nada!
Que possa descrever o prazer de você.


Lynn Glommy
13/12/2011

Coito interrompido

A long time ago...
Em Agosto, lembra?
Quando nos amamos.
Faz tanto tempo,
Mas tanto tempo ainda não tirou
O que sobrou daquele dia
A mancha de vinho na minha camiseta,
O frio na barriga ao lembrar...
O seu cabelo hoje, está mais comprido
Mas o cheiro é o mesmo.
Aquele cheiro que me conquistou,
Naquela tarde de Agosto,
Quando nos amamos, lembra?
Nos amamos tão rapidamente que acho até que...
Você não sabe quem sou.
Te amei tão rapidamente quando você, sem querer, me olhou
Naquela tarde de Agosto...
O céu estava cinzento, tenta lembrar.
Você me olhou como quem procura alguém.
Foi aí que te despi e te amei, como se não houvesse um amanhã.
Como se aquele mês de Agosto durasse pra sempre...
Te despi, te amei, aí você virou o rosto sem me deixar terminar.


Lynn Glommy
13/12/2001

Sobre rimas soltas, falta de roupas e outras conversas

Uma rima
              oca
                 solta
                     louca
                         rouca
               tira-me a
       roupa
e me faz calar a
                        boca
         para eu não mais criar
                                                               ...rimas soltas.




Lynn Glommy
13/12/2011

24 julho 2011

Fournicação

Quatro patas rolando
Num reduto brando.

Quatro horas da tarde
Suor por toda parte.

Quatro paredes esquivando
Os corpos embaraçando.

Quatro agora é posição
Pra concluir a fournicação.

Quatro minutos depois
Tudo volta ao normal, pois.

Lynn Glommy
24/07/2011

Eye to eye

Diz que me ama
Mas diz-me sem voz
Diz como quem silencia
E deixa o momento florir
Diz que me ama
Mas diz-me sem som
Diz assim, quieto
Olha meus olhos
E diz que me ama
E só.
Diz que me ama 
Usando apenas o olhar
Pois, quem fala com os olhos
O coração entende
Quem fala com os olhos
Nunca mente.


Lynn Glommy
24/07/2011

Café

Toda cinco horas da tarde é igual: Água, chaleira, pausa, assobio, coador, pó, caneca da coleção, colherzinha, e o sabor de todo fim de tarde: Café!!!

Lynn Glommy
22/07/2011

14 janeiro 2011

Saliva

Enquanto me afagas,
Afogo-me no teu afago,
Enquanto ofego.
Ofegante te afago,
E te afogo no meu ofego.
Afago teu ego.
Embriago-me e te afogo.
Sobe e desce ofegando e
Ofegante, te digo:
Afaga-me comigo.
Fobia de você,
Fobia de teu afago,
Que me ofega e me afoga,
No inebriante gosto de tua saliva.


Lynn Glommy
14/01/2011

12 janeiro 2011

Circunspecção

Acordar, lavar, banhar, comer, arrotar, defecar, urinar, dirigir, trabalhar, ler, passear, voltar, subir, entrar, falar, transar, dormir e sonhar. 
- Viver com circunspecção?




Lynn Glommy
12/01/2011

21 dezembro 2010

Amizade/Franquia

Á Caixa GB


Ele era um menino
Com sonhos pares e
Desejos ímpares.
Diferente dos outros
Caixa de surpresas
Praticava a excentricidade
Se banhava com soro fisiológico
Só pra hidratar
Fazia tudo belo
Cantar, contar, somar.
Riso frouxo, alvoroçado
Mesmo que fosse só pra disfarçar
Menino com sonhos, menino corajoso
Finge que não, age que sim
Menino homem virou
Virou-se e disse: Quero virar gente
Delegado, fazendeiro, doutor...
Nada.
O menino-homem só queria ser...
Ele.
Fácil é falar do menino-homem
Difícil é saber o que ele pensa.
Pratica o mistério.
Pensa com saudade
Age com amizade.
Um belo dia,
O menino conheceu uma menina
Estranha, parecia
Mas foi amizade logo de cara.
Coisa fraterna mesmo.
Foi aí que num outro belo dia
O menino e a menina
Descobriram que podiam ser franquias.
Francamente...
Engataram uma amizade franca.
Fraca não parecia
É tanto que mesmo distantes
O menino e a menina
Sabiam quem um com o outro
Sempre contaria.


Lynn Glommy
21/12/2010

Clara e Gema

Clara e gema são irmãs.
Claro!
Uma afirma, outra exprime.
Quando acende o desejo
Ambos os corpos dizem claro
E gemem.
Gemem como quem afirma
Claro que eu gemo.
Depois que geme, gama
No gosto azede do sim.
Claro é sim.
Claro!
Ambos os corpos dizem sim
E gemem.
Vira Clara e vira Gema.
Ficou pronta a omelete.


Lynn Glommy
21/12/2010

Amor

Amar seja talvez
Beijos, abraços, coitos.
Claro que é algo mais
Depende do objeto.
Etéreo também pode ser,
Formas diversas há.
Goste ou não,
Haverá sempre um amar
Inimaginável à mente.
Junta dois corpos,
Leva vinho, cigarros,
Mostra o que existe de melhor.
Nada pode separar,
Ora, um amar.
Paixão também pode ser amor
Queira ou não.
Rindo de um sorriso
Satírico amor é paixão,
Toda vez que toca o corpo
Uma faísca acende
Vermelho na escuridão,
Xícara de café após
Zás! Foi um novo amor que brotou.


Lynn Glommy
17/12/2010

16 dezembro 2010

Novela

Ela era aquela
Ela era bela
Bela era aquela
Aquela magrela
Manuela, Rafaela, Gabriela
É tudo ela
Magrela, amarela
Ela na capela
Magricela
Dava pra ver a costela
Ela era donzela
Bela donzela ela
Fica na janela
Janela da capela
Cheiro de canela
Beija o beijo dela
Gosto de canela
Acende vela pra ela
Fica de sentinela
Espera ela bela
Saltitando feito gazela
Espera ela
E faz um elo com ela.


Lynn Glommy
16/12/2010


Etéreo

À JoaquimZ


Etéreo são teus olhos que quando me olham
Parece lança com ponta afiada
Saí rasgando tudo e deixa, como sempre
Um doido arrepio na nuca.
Nunca!
Fica por lá
Como quem espreita de mansinho,
Esperando caladinho
Por um doido olhar teu.
Etérea é tua boca que quando me beija
Parece ferro quente em brasa
Saí queimando tudo e deixa, como sempre
Uma doida língua no canto da boca.
Oca!
Fica por lá.
Como quem senta do teu lado
Esperando um descuido
Por um doido beijo teu.
Etéreas são tuas mãos que quando me tocam
Parece choque elétrico
Saí estremecendo tudo e deixa, como sempre
Um doido frio na espinha.
Minha!
Fica por lá.
Como quem boceja no cinema
Esperando ansioso
Por um doido toque teu.
Etéreo é tu todo que quando vem-me
Parece alma penada
Saí e chega sem se anunciar e deixa, como sempre
Uma doida vontade de te ter.
Ser!
Fica por mim.
Etéreo é ter o teu ser.
Z!



Lynn Glommy
07/12/2010

02 dezembro 2010

Sem palavras




As vezes sinto que não preciso de palavras para escrever poesia.
Ser poesia.
Ver poesia.
Tudo é poesia.




Lynn Glommy
02/12/2010

24 novembro 2010

Natureza


O ar assopra: Vento
O vento mija: Chuva
A chuva foge: Rio
O rio corre: Mar
O mar vomita: Onda
A onda cambota: Surfista
O surfista sua: Libido
A libido acende: Coito
O coito goza: Criação.

Lynn Glommy
24/11/2010

O "R"


O “R”, o Rato, o RetRato, o Rito, o Rótulo, o imaginável
O “R”, a Rua, a Rã, Rato/RatoeiRa,
“R” de Ramon, “R” de RamoneiRa,
“R” de sabeR, “R” de te veR chegaR.
Com “R” faço muitas coisas, inclusive amaR.
“R” de coR: Rosa, Rubi, caRmim, azul-petRóleo.
O “R” faz meu pôR-de-sol alaRanjado.
Me faz sentiR a bRisa do maR.
Ah! O “R” me tRaz aR.
“R” de saboR, veRdade/mentiRa
É o “R” que faz o veRbo da vida: viveR.
“R” de... “R” de... “R” de RiR
Afinal, é de “R” que o Riso é feito.
Um “R”, dois “R”, tRês “R”
Aí é só a acRescentaR um “A”.
“R” de RiR, “R” de RáRáRá.

Lynn Glommy
24/11/2010

Habitual


Estou dentro de uma habitual quarta-feira
Faltou luz na rua
Vou à varanda, deito na rede
Observo coisas habituais
Um telhado, no qual penduro coisas
Entre filtro dos sonhos e mensageiro dos ventos
Coisas e mais coisas
Desvio o olhar para o céu, no qual penduro coisas
Entre luas, estrelas, sol e nuvens
Coisas e mais coisas
Desvio o olhar para a roupa pendurada no varal
Como diria o Neruda, “chorando lágrimas sórdidas”.
Desvio o olhar para essa Eu.
Aqui, observando o habitual
Observando que o habitual deixou, a muito, de ser habitual
E quando volta a luz
TV a cabo, computador, ar-condicionado...
Observo que o habitual deixou, a muito, de ser habitual.

Lynn Glommy
24/11/2010

18 novembro 2010

Clarice



Clarice ri de manhã,
Clarice ri de tarde e
Clarice ri de noite.
Clarice chora de manhã,
Clarice chora de tarde e
Clarice chora de noite...
Ela não escolhe a hora
pra me encher de encanto.
Ela grita,
se agita,
se meche,
se brinca,
pula sem saber,
diz que ama sem dizer...
Ela não tem limites
pra me encher de encanto.
Clarice é menina-mulher
Mulher de pulso forte,
destinada a fama.
Ah, Clarice, diz que ama, diz...
Que eu me derreto toda, vê?!
Deve ter umas mil Clarices,
mais Clarice assim amada,
acho que só tem você. 

Lynn Glommy
17/11/2010

Essa aí...

Á Tuany

Sabe essa aí?!
Nem queira saber, 
menina esquisita essa. 
Ela anda, corre, rir e chora. 
Come, dorme, fala, cospe. 
Respira, pisca, remexe e sacode. 
Brilha, grita, vira e explode. 
Se irrita, não rita, me deixa, morde. 
Caga, mija, vomita, fode... 
Quem é essa menina esquisita?
Ela faz tudo que tudo faz. 
Ela tem cabelo, osso, carne, 
gordura, pele, sangue, unha e queixo.
Ela tem tudo que tudo tem. 
Mas ainda assim é única. 
Tento descobrir porque que 
Tuca, Tutu, Tutut's Tutubarão, Tuzinha, Tuzão Tutifrutti Falcão. 
Parece bicho solto,
mas quando resolve pousar, 
faço um poleiro no meu coração.


Lynn Glommy
06/11/2010

03 novembro 2010

Existo logo

Digo que existo, logo existo.
Sou Pernambucana, logo existo.
Danço, logo existo.
Irrito-me, logo existo.
“Twito”, logo existo.
Vou à shows , logo existo.
Beijo na boca, logo existo.
Cozinho, logo existo.
Ouço música, logo existo.
Sou mãe, logo existo.
Amo, logo existo.
Vivo, logo existo.

Lynn Glommy
30/10/2010

Eu não poderia deixar de postar isso.

Pois é, a primeira pessoa que me deu a felicidade de escrever uma poesia linda dessas pra mim não poderia ficar sem um espacinho no meu blog, afinal, ele é um amigãozão (Gugaaaaa) o qual aprecio tanto. La vaaaai:




Ela...

Quem é essa moça?
vestida de preto,
de olhos marcantes,
de sapatos vermelhos.
Quem é essa moça?
de laço vinho no cabelo,
com cara de vergonha mas um tanto sem pudor.
Quem é essa moça?
que brinca de mulher num corpo de menina,
que domina na hora que quer e que se faz de frágil 
só para tirar uma onda.
Quem é essa moça? definida como faceira
onde todos a chamam de Lynn,
que de tão bondosa se torna perversa.

By: Camarada Rock em 27/10/2009

30 outubro 2010

O falo e a fala

O falo não pensa, por isso não fala.
A fala pensa, por isso fala.
O falo age sem pensar.
A fala pensa sem agir.
O falo é incompleto sem a fala.
A fala precisa sempre de um falo.
Tu fala. Eu falo.
E quando tá aquele blá-blá-blá...
O falo emudece a fala.
A fala até tenta escapar,
Mas quando abre a boca pra falar...
Já era!
O falo vem lhe completar.

Lynn Glommy
30/10/2010